BERTHA BECKER

DESENVOLVER PARA PRESERVAR

Wenderson Almeida de Souza e Jairo Bruno Gomes de Moura

            A geógrafa Bertha Koiffmann Becker nasceu em 1930, no Rio de Janeiro e faleceu no  dia 13 de julho de 2013, aos 83 anos. Professora emérita da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ), ela era uma referência internacional na área da Geografia Política, principalmente em estudos sobre a Amazônia. Integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) deu aulas por quase 20 anos no Instituto Rio Branco, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores, onde segundo a própria Bertha foi um “divisor de águas” em sua carreira por entrar em contato com a Amazônia através de uma aula de campo dada aos diplomatas.
            O pensamento que alicerça o entendimento sobre a contribuição de Becker está apontado nessa citação de sua autoria: “Produzir para conservar é um novo paradigma cientifico-tecnológico. Esse novo paradigma precisa de uma logística oferecida pelas cidades, porque são elas que produzem os serviços básicos para os cidadãos.” (2013).
            Becker defende uma concepção de Amazônia com utilidade para a sua população, uma visão utilitarista/econômica que estaria pautada na preservação dessa biodiversidade como consequência da sua exploração consciente, ou seja, a floresta tem valor de pé. Outro ponto destacado é a negligencia do Estado perante a região Amazônica que abrange grande porção do território nacional e carece de maiores políticas que possam desenvolver essa região devido ao seu grande potencial natural. Segundo a geógrafa, é preciso pensar uma Amazônia, não como depositária de processos simples (extrativismo), e sim uma porção do território competitiva e passível de usos, diferente de uma visão simplesmente preservacionista motivo que pode ter contribuído para o atraso econômico.  Concebia em seus estudos e análises sobre o território amazônico uma ótica desenvolvimentista científica-tecnológica na qual contrastava o século XIX, de base extrativista, para o século XXI que deveria haver uma revolução biotecnológica para um desenvolvimento pleno.
            Becker traz uma concepção de cidade equipada, ou seja, uma cidade que possa refletir a dinâmica urbana com a dinâmica natural do seu entorno. Conceitos como “complexo verde” e “complexo urbano” ganham ênfase em suas análises geográficas aliadas a questão de fronteira urbana (espaço em incorporação). A urbanização nessa região possui vertentes plurais, que segundo ela, seriam: i) urbanização espontânea; ii) urbanização de colonização (Estado); iii)urbanização ligada a mineração; iv) urbanização de padrão (ocupação ao entorno dos rios).
            O que suscita nossa abordagem sobre Becker está contida em sua citação sobre uma visão diferente da concebida por nós brasileiros sobre a Amazônia: “Não podemos ficar só com áreas protegidas. Primeiro porque a proteção já não protege mais, o desflorestamento continua. E só proteger não gera renda e trabalho, que é o fundamental para a região e para o país. O que precisamos é produzir para preservar”. Ressalta-se que a geógrafa não desconsiderava o fator ambiental, porém evidenciava uma valoração econômica na região, o que difere da concepção de Amazônia compartilhada pela maioria. Concluímos que uma das grandes contribuições de Bertha Becker foi politizar o debate que desrespeita à Amazônia. 

           

           
Referências Bibliográficas:
Cientistas do Brasil – Bertha Becker. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=joKzHQohaMY Acesso em: 11 de novembro de 2014.
ROCHA, M .G. Fronteira e urbanização na Amazônia: contribuições de Bertha Becker. Belém, setembro. 2013.

SILVA, I. R. N. Uma história sobre Bertha Becker. Jul/Dez. 2011. 

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